Visando se manter forte na luta contra o racismo na sociedade, a Ferroviária, em parceria com o Centro de Referência Afro de Araraquara, promoveu um workshop intitulado: “Araraquara, morada do sol e não do racismo”, aos funcionários do clube, de todos os departamentos. Quem concedeu a palestra foi a Coordenadora do centro, Alessandra Laurindo.

O evento, que durou cerca de uma hora e meia, teve como pauta o racismo na sociedade, passando pela linha do tempo da escravidão no Brasil até chegar nos dias atuais. Foi passado aos participantes do workshop, todos os números de casos de racismo em Araraquara, no Brasil e também voltado apenas ao futebol. Após o término da palestra, houve também um bate-papo, com perguntas e situações passadas pelos funcionários da Ferroviária.

Para a Assistente Social e agora Coordenadora de Politicas Antirracistas da Ferroviária, Priscila Almeida, esse tipo de ação é essencial para que se forme uma sociedade antirracista. “Foi um dia fundamental para o processo de construção da Ferroviária quanto a ser um clube antirracista. Essa luta tem que começar de dentro para fora. Pensar no racismo institucional, na questão do trabalho que precisamos fazer com nossos funcionários, entender esse processo dentro da nossa sociedade e dentro do futebol, esse movimento tem muita força. Esse trabalho é essencial não só com os jogadores, mas também com nossos funcionários. É olhar para toda essa questão, desenvolver ações antirracistas, para que a gente não seja só uma bandeira, mas que tenhamos ações que afirmem que estamos na busca por uma sociedade antirracista”, afirmou.

A Coordenadora do Centro de Referência Afro de Araraquara e palestrante do workshop realizado na Ferroviária, Alessandra Laurindo, destacou a atitude do clube em promover o evento com os funcionários. “Foi com muito prazer que eu recebi o convite de estar aqui na Ferroviária. Dialogando um pouco sobre uma política antirracista, uma sociedade antirracista e foi uma troca fantástica. Agradeço muito esse convite e a interação do grupo. Foi uma manhã muito produtiva, onde a gente pôde trazer alguns elementos que mostram que podemos ser uma sociedade livre do preconceito. Quero, de verdade, agradecer por todo esse trabalho realizado aqui, para que a Ferroviária seja um clube antirracista”, declarou.

Um dos participantes do workshop, o treinador da equipe sub-17 masculina a Ferroviária, Murilo Morbi, falou sobre o privilégio que é participar de uma discussão sobre uma pauta tão importante na sociedade. “É um privilégio a instituição estar preocupada em discutir um assunto tão sério, atual e que faz a gente refletir, de fato, o que a gente faz no dia a dia, o que a sociedade reproduz e a gente, as vezes de forma inconsciente, continua reproduzindo. A experiência desse workshop, faz com que a gente pensa no que fazemos no dia a dia. Se não nos vermos como racista, nunca entenderemos o que estamos fazendo de errado. Temos que partir do pressuposto que a sociedade é racista, então provavelmente vai acontecer alguma coisa que eu estarei reproduzindo um preconceito. São experiências assim que faz com que a gente tenha mais noção da forma que vamos atuar daqui pra frente e que podemos potencializar o ser humano, então, essa percepção é o mais importante e combatermos isso no dia a dia.”

A Supervisora de Futebol Feminino da Ferroviária, Janaine Camargo, destacou a diversidade dos funcionários do clube e que ela se sente feliz em estar em um local que ela, como mulher preta, é tão bem aceita. “Aqui na Ferroviária nós temos isso, de ser um clube antirracista e que da oportunidade para todos, sejam eles negros, brancos, árabes e é isso que precisamos mostrar para o mundo. Se conseguirmos fazer um pouco nossa parte, de ter a empatia pelo próximo, vamos crescer muito como instituição, clube e principalmente como pessoa. Agradeço muito em estar em um local onde sou bem vista e orgulho imenso de ser preta e estar em um lugar de expressão que é o futebol, que é o que eu amo”, falou.

Texto e foto: Jonatan Dutra/Ferroviária SAF